Durante boa parte de minha vida, estudei no colégio Santa Edwiges, localizado no centro de uma cidade chamada Loanda. Essa cidade, se situa no interior do Paraná. Nessa escola, os mais altos cargos eram ocupados por freiras, que chamavamos carinhosamente por 'irmãs', e é assim que vou chama-las no decorrer do texto .
Na foto, estou com a irmã Soraia, que era diretora da escola. Nesse dia, ocorreu a apresentação de final de ano. Sempre era a mesma coisa, as irmãs escolhiam os alunos para fazer o teatro no qual contávamos a história do nascimento de Jesus.
Em todos os anos em que eu estava na escola, até aquele momento, nunca havia sido chamada para um papel de destaque no teatro, e no ano seguinte a foto eu estaria na quinta série, e a partia daí, nós não participariamos mais deles. Alivio para uns, mas triste pra mim. Eu adorava esses eventos, confesso que em parte era pelas aulas que perdiamos para ensaia-los.
Naquele meu ultimo ano, tive uma surpresa: Fui chamada para ser uma das narradoras do teatro. Eu estava radiante de felicidade, afinal, eram muitas pessoas, e justo eu havia sido uma das escolhidas.
Fiquei mais feliz ainda, sempre tive muito carinho pelas irmãs, por mais que de vez em quando eu era convidada acomparecer na sala delas, geralmente por motivos não muito agradáveis, elas eram pessoas que eu admirava muito, e receber aquele convite, de certa forma, parecia que elas também tinham consideração por mim.
Eu estava muito anciosa, havia ensaiado muito e me sentia preparada. Faltava apenas me arrumar, com uma roupa branca ou clara por que né? E sair.
Minha avó, nunca foi do tipo de pessoa que se preocupava com aparência, para ela, bastava apenas estar vestida, com os dentes escovados e com o desodorante dentro do prazo de validade, mas eu era diferente, sempre gostei de brincos, pulseiras e minha sandália branca.
Eu iria estreia-la naquele dia, ela tinha um saltinho de aproximadamente dois centímetros e naquela idade eu me sentia o máximo usando "salto".
Minha avó (otimista como sempre ) disse que não era pra eu usar a sandália, pois eu iria cair de cara no chão e me quebrar inteira. Sim, um completo exagero, mas eu morava com ela e tinha que acatar a todas as suas ordens, então me deparei com um problema: eu não tinha outra sandália branca, então tive que ir com uma sandália azul que eu tinha. Fiquei muito brava, mas estava atrasada e não poderia pensar em outro sapato para ir.
O teatro ocorreu como em todos os anos, com a diferença que esse ano eu estava narrando. Nesses eventos eu sempre era uma das ultimas a ir embora, estava saindo quando a irmã veio me parabenizar, de repente, então, surgiu um fotógrafo e pediu para tirar uma foto nossa. Depois disso, fui embora.
Dias depois a foto chegou na minha casa e ficou pendurada na geladeira por um bom tempo e agora está em São Paulo comigo junto com todas as minhas lembranças.
A encontrei por acaso, mas achei que apesar da péssima combinação de estar com roupa clara e uma sandália super azul, a decoração não estar nem um pouco se parecendo com uma gruta e as margaridas estarem totalmente fora do tema, ela seria perfeita para realizar essa redação, pois esse dia foi muito especial pra mim, também pelo fato de ter ajudado a confeccionar a estrela que representava as boas novas da vinda de Jesus, que deu um baita trabalho mas mas está uma belezinha e ajudou de uma certa forma para minha sandália super azul não chamar tanta atenção na foto.
Aluna : Danielle Sales n° 8 1°b